Eleições 2024: a velha política sob julgamento em Conceição
Justiça Eleitoral expõe práticas de compra de votos e reforçam a necessidade de vigilância social
Da redação
A velha prática da compra de votos, marca de um modelo político que insiste em sobreviver mesmo diante da fiscalização da sociedade, voltou a ser exposta em Conceição do Mato Dentro pelos recentes julgamentos da Justiça Eleitoral. Decisões tomadas ao longo dos últimos meses apontam para um cenário preocupante, em que candidatos e eleitores ainda se veem envolvidos em negociações ilegais que comprometem a lisura do processo democrático.
Em uma das ações de maior repercussão – processo número 0601018/43.3024.6.13.0083 –, a Justiça julgou procedente a denúncia contra a vereadora Ivete, determinando a cassação do mandato, aplicação de multa e a decretação de sua inelegibilidade por oito anos. Além disso, os votos recebidos pela candidata foram anulados, com recálculo do quociente eleitoral e partidário. A decisão simboliza um duro golpe contra a tentativa de manipular a vontade popular. A vereadora Ivete manifestou inclusive publicamente no sentido de que irá apresentar recursos.
Outro processo – 0601013-21.2024.6.13.0083 –, em destaque, envolve o vereador Gleicierrez. Em ação de investigação judicial, a juíza responsável julgou improcedente a ação sob entendimento de serem insuficientes as prova produzidas. O Ministério Público interpôs Recurso Especial. O Investigado foi intimado a apresentar contrarrazões.
O mesmo parlamentar responde ainda a uma ação penal eleitoral – Processo 0600015-19.2025.6.13.0083. Citado, não compareceu à audiência, sendo decretada sua revelia. Testemunhas já foram ouvidas, e uma nova audiência está marcada para o próximo dia 5 de setembro, às 15h30, quando outras pessoas deverão prestar depoimento. O processo reforça que as acusações seguem sendo apuradas com rigor.
Esses episódios mostram que, embora a democracia brasileira tenha avançado, ainda enfrenta resistências históricas enraizadas em práticas ilegais e antiéticas. O combate à compra de votos exige não apenas atuação firme da Justiça, mas também o compromisso da sociedade em recusar as promessas fáceis que comprometem o futuro coletivo. Em Conceição do Mato Dentro, os processos em curso deixam claro: não há espaço para a velha política quando a verdade e a vontade livre do eleitor estão em jogo.
Para Cristiano Pena, integrante do Grupo Política Limpa CMD, “precisamos sempre fortalecer a democracia, o voto livre e consciente. A democracia plena garante o direito da ampla defesa e da aplicação das leis e condenações quando comprovados abusos praticados por qualquer cidadão, independentemente do seu poder econômico ou político”. Para este acompanhamento e mobilização, foi criado o grupo suprapartidário Política Limpa, em 2024.
Procurado pelo Jornal Pordenttro, o promotor de justiça, Dr. Frederico Tavares de Lanna Machado, da Comarca de Conceição do Mato Dentro, a respeito deste tema, assim manifestou: “Estou irresignado com a referida sentença; o Ministério Público interpôs o devido recurso eleitoral dentro do prazo recursal e, agora, aguarda o julgamento no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG)”. Ele não quis se pronunciar quanto ao mérito da decisão por não ser a mídia o meio apropriado para tanto, reforçando que o debate segue no processo.
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